segunda-feira, junho 01, 2009

Da overdose de comunicação

Saiu na Superinteressante do mês passado uma matéria que me deixou meio mal. De acordo com a reportagem, cada vez mais nos distanciamos de nós mesmos. A culpada disso seria a internet. Com ela, as pessoas passam pouco tempo sozinhas de verdade, já que o cérebro não diferencia virtual do real. Há muitos meios para se evitar a solidão – Orkut, Msn, Flickr, Twitter, Facebook, são apenas alguns dos exemplos para demonstrar que um dos maiores medos do homem é o de ficar sozinho. Mas por que será que a gente odeia tanto a solidão?


A sociedade atual nos força a ter companhia. E nem sempre pelos bons motivos. Na realidade, dinheiro, poder, fama e status só fazem sentido quando estamos sendo vistos e observados. Muitos pesquisadores vêem o uso da internet para acabar com a solidão um caminho para a depressão. E faz todo o sentido. Sair com os amigos para um barzinho tem muita diferença a uma conversa de duas horas pelo msn. Quando vemos uma madrugada de sono perdida, nada realmente importante feito e muita dor nas costas sabemos disso muito bem. Mas não adianta. Basta termos a oportunidade, que já a aproveitamos. Queremos e precisamos desse contato imediato de terceiro grau (com outros humanos, claro). O mais estranho é que mesmo com toda essa tecnologia, nós continuamos com os mesmos círculos de amizade. Pequenos e fechados. Quantos “amigos” você tem no seu orkut? Mas com quantos você realmente sai, conversa e vê com freqüência?


A solidão é importante para o homem porque é com ela que ele amadurece e desenvolve capacidade de reflexão. Precisamos ficar sozinhos para nos conectar com nós mesmos, saber o que pensamos e o que sentimos. Mas essa intensificação do acesso à redes virtuais têm prejudicado uma geração inteira que não sabe nem o que é uma vitrola. Precisamos da solidão de vez em quando. E eu, embora odeie admitir isso, odeio ficar sozinha, odeio saber que estou sozinha ou que não tenho nenhuma boa companhia para sair, acredito que os estudos estão certos. Quando eu estou sozinha, na minha casa, completamente só, produzo mais. Escrevo mais. Leio mais. Me cuido mais. Me valorizo como um ser humano. Arrumo minhas coisas, me organizo. E você?

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