quinta-feira, março 04, 2010

De como eu odeio ficar rouca

Eu falo demais. Acredito que eu deva falar quase o triplo de uma pessoa normal. E sei disso. Não gosto quando as pessoas ressaltam esse traço da minha personalidade. Porque as pessoas tagarelas são geralmente consideradas como malas.

Eu era uma criança muito quieta. Com alguns anos de terapia, recebi um conselho valioso: eu não tinha amigos porque eu não conversava com ninguém e, por não conversar com ninguém, ninguém virava meu amigo. Ai eu resolvi começar a conversar com as pessoas. E foi outro problema. Como eu nunca tinha falado nada com ninguém, eu vomitava palavras o mais rápido possível para não ter que passar por aquela péssima sensação de ninguém querer prestar atenção em mim.

Só aos 15 anos eu comecei a falar mais devagar – o que não significa em nada uma diminuição na quantidade de palavras ditas. Ai passei a ser entendida. Antes eu precisava repetir umas duas vezes o que eu falava quando me animava, já que eu me empolgava e falava muito, mas muito rápido mesmo.

Até meus 20 anos eu costumava ficar rouca/gripada/resfriada pelo menos uma vez por mês.  Hoje, fico assim mais raramente. Mas ainda fico muito nervosa quando fico rouca. Parece um castigo de Deus, um carma na minha vida ficar rouca facilmente. E não o rouco sexy. É daquele tipo que parece a sua vó falando, sabe? É horrível, incômodo, dói e eu me sinto presa em mim mesma quando eu tenho que ficar o dia inteiro sem poder dizer uma palavrinha que seja.

Eu sei que deveria considerar isso uma chance de aprender a ficar quieta. Mas não dá!! Eu odeio ter que calar a boca, ok??