domingo, junho 10, 2012

Hoje é seu dia, que dia mais feliz

Engraçado como são necessários anos de amor, companheirismo e respeito para se ganhar uma amizade de verdade. Mas basta apenas uma coisa para abalar toda essa estrutura.

Eu não tenho nenhuma religião, por isso não temo a morte. Para mim, acontecerá com o meu corpo o mesmo que acontece a um animal qualquer devorado por um crocodilo. Não, não espero morrer e ir para o estômago de um réptil. Mas acho que quando você morre, game over. Acabou.

Por isso vivo tão intensamente meus relacionamentos com as pessoas que me cercam. Se eu quero te abraçar, eu irei. Se quero te chamar de xuxu, paxão, amore, eu vou chamar. Se estou com raiva de você, vou te mandar à merda. Mas raras vezes eu guardo algo por muito tempo. Porque guardar coisas por muito tempo faz mal, magoa e dói.

Para mim, o dia de ano-novo não significa muita coisa. Acredito mais no poder da data de aniversário. Não na minha, mas nas datas daqueles que eu gosto. Porque eu sei que talvez eu nunca mais veja aquela pessoa de novo, mas quero que ela saiba que, durante o ano que ela passou comigo, eu gostei muito da companhia dela. Aprendi em Bauru que algumas amizades tem prazo de validade. Mas isso não diminui em nada sua intensidade. Gosto da data de aniversário porque é nela que eu demonstro o quanto eu gostei de passar mais um ano com aquela pessoa. E é claro que eu aplico essa ideia para a minha própria data de aniversário. Sempre passei meses planejando a festa, quem eu iria chamar, onde iria ser, o que iria tocar. Mas, como não sou religiosa, não forço ninguém a compartilhar minhas ideias.

Eis que no ano passado, estava desempregada, ficava o dia todo em casa e me sentindo sozinha. Resolvi marcar um aniversário especial, em algum lugar onde ninguém fosse reclamar da comida. Marquei no Outback porque sou apaixonada pela cebola de lá. Criei um evento no facebook e chamei quase 100 pessoas. Não queria que 100 pessoas fossem, mas queria que 100 pessoas soubessem que eu gostaria da presença delas. Muitas pessoas começaram a se desculpar dizendo que não poderiam ir ao meu aniversário.  E eu já esperava por isso, afinal, resolvi comemorar a data num sábado à noite, dia 11 de junho, véspera do dia dos namorados. Mas a culpa não é minha se eu saí do útero um dia depois do dia 12.

Tinha aceitado todos os "já tenho um compromisso, fica pra próxima" menos de uma pessoa. Minha amiga de verdade, uma das poucas pessoas que eu contei quase tudo sobre minha vida comentou no evento algo como "você sabe que quem namora não vai poder ir, né? Vê se tem alguns solteiros que podem ir com você". Em um único comentário ela disse que eu era: encallhada, sozinha, e que ela, feliz em seu relacionamento perfeito, não poderia sair na véspera do dia dos namorados para me ver.

Parece demais, mas foi o que senti. Cancelei o evento e não comemorei nada. Se meus amigos não querem demonstrar o quanto estão felizes por mais um ano na minha presença, não irei obrigar ninguém. Sendo assim, reunindo todos esses dados, apaguei a data do meu aniversário do facebook e não marquei nenhuma comemoração.

Afinal, não é porque eu acredito na data de aniversário como um motivo para celebrar com a pessoa querida que os outros tem que fazer o mesmo, correto?

Mas, bem lá no fundo, eu gostaria muito de uma bela festa com todos aqueles que querem me dizer que o ano que passaram comigo foi muito bom e esperam mais um ano assim também.