quinta-feira, abril 04, 2013

Uma casa simples

Todos os dias que volto pra casa de fretado, eu caminho até essa casa que nem fica na mesma rua do meu ponto de ônibus. Hoje me peguei pensando no porquê.

Eu gosto de ruas com árvores, odeio o cinza do concreto. Primeiro porque em São Paulo é muito difícil para as estruturas resistirem  ao clima úmido da capital. Daí que o cinza se destaca, descasca e apodrece. Segundo porque é a cor predominante na cidade e é uma cor triste.

Outra coisa que me atrai nessa rua é a falta de movimento. Muitos carros traz bagunça,  barulho e gente se xingando sem motivo.

Mas a minha parte favorita dessa casa é o muro. Não pensem que ela é uma casa tipicamente paulistana: cercada de segurança contra qualquer tipo de violência. Não, essa casa tem um muro baixinho, do tamanho perfeito para que eu me apoie nele.

No quintal dessa casa tem árvores e flores. E eu fico imaginando quem cuida delas. Como essa pessoa mora em São Paulo, tem um muro baixo e ainda tem tempo para cuidar de suas plantas?

E aí é o momento em que sorrio desejando que essa pessoa seja eu. Que essas sejam as minhas preocupações, que ter uma casa despreocupada e com plantas sejam parte da minha vida.

Dizem que São Paulo é uma cidade onde a vida não é simples. Aqui você escolhe entre carreira ou hobby; descanso ou happy hour; felicidade ou pró atividade. É por isso que eu quero sair da capital. Buscar minha casinha feliz.

Então meu tempo acaba, volto pro ponto e entro no fretado. Volto pra Guarulhos, para as ruas e avenidas movimentadas, pra minha rua cinza, pra minha casa cinza, com portões grandes e pesados. E torço para que, em breve, eu possa escolher pela minha felicidade.

Um comentário:

Sanger/Regnas disse...

Mais do que o muro e a rua, é preciso ter talento para não deixar a vida ficar cinza. Bela postagem.