terça-feira, setembro 30, 2008

De como a Internet emburrece o homem

Crônicas

Dizem que a tecnologia está aí para servir ao homem do século XXI. Não acredito. É bem mais provável que seja o contrário: o homem contemporâneo está aí para servir à grande teia global. E é tão triste perceber isso nas ruas. Antes, as crianças brincavam alegremente nas calçadas; hoje, gastam dinheiro em lan houses com joguinhos onde matam os amiguinhos a cada rodada (O que será de nossos filhos, meu Deus?). As donas de casa batiam papo com as vizinhas para pegarem receitas; agora é só ir ao Google que qualquer receita aparecerá em 0,1123 segundo. As amizades também mudaram: antes, cartas matavam as saudades de quem morava longe. Hoje, um bonequinho pode abraçar outro bonequinho e tudo bem, fingimos que foi com nós mesmos.

Antes, quando eu não tinha internet em casa, passava meus finais de semana solitária, arrumando a casa, adiantando matérias da faculdade e lendo. Devorava livros na minha solidão do nono andar. Agora, se eu tenho um computador na mão, ou um mouse, passo o dia inteiro nele. Nem que seja escrevendo textos vazios ou jogando, de Paciência a lindos joguinhos... Já viram o do Coelhinho que sobe no céu com sinos?

Cada vez que eu vejo comerciais sobre o aumento da velocidade de download de algum serviço de internet, sempre penso: “Meu Deus!! Para que 30 mega de velocidade se é para entrar no msn e no orkut?” É bem paradoxal. Aumentamos os meios de informação – celulares que só faltam fazer pizza (mas que ninguém tem créditos), pen drives de capacidades monstruosas, telas de LCD. Toda essa tecnologia para...? Para que você possa entrar no orkut e postar belas fotos.

Muito paradoxal. Tanto é que, mesmo sabendo de tudo isso, e bradando a bandeira do “Saia do Orkut e vá baixar um e-book” eu estou brigando com as minhas amigas para colocarmos uma mega internet em casa. (E parar de roubar a do vizinho).

Saia do Orkut e vá baixar um e-book!!

Um comentário:

Anônimo disse...

pois é gente.
a internet é um paradoxo pra mim. a gente vê mil coisa, mil pessoas, em um dia. mas vive bem menos...